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Claudio de Moura Castro: inimigo dos professores e da educação |
O Senhor Claudio de Moura Castro, articulista da Revista Veja, afirmou que os professores trabalham pouco, não conseguem fazer os alunos aprender, se protegem atrás da estabilidade do serviço público, aposentam novos e com salário muito alto. Ainda segundo o Sr. Claudio de Moura, tais situações resultam em elevadas despesas aos cofres públicos e impossibilitam o pagamento de salários melhores na área da educação. Esse ataque aos educadores foi feito em artigo intitulado "Professor ganha mal?", publicado na revista Veja, edição de 27 de julho de 2016.
No infeliz artigo, o Sr. Claudio de Moura tentou fazer uma análise da situação da remuneração dos docentes no Brasil, porém, mostrando um total desconhecimento do funcionamento da educação básica do país, acabou colocando a culpa nos próprios professores pelo fato de não receberem um salário melhor. Veja os argumentos utilizados pelo articulista da Veja:
Professor TRABALHA MUITO POUCO:
Na opinião do Sr. Claudio de Moura, "os professores estão sob regras aparentemente generosas" e por isso trabalham muito pouco durante a carreira. Citando férias, recessos, licenças prêmios, faltas por motivo de saúde, licença para cursar mestrado e doutorado, afastamento eleitoral e, pasmem, até licença gestante, o articulista da Veja afirma que um professor que "usar todas as dispensas legais deixará de ensinar por 13,5 anos" durante toda a carreira. Baseado em informações imprecisas, fazendo suposições, realizando contas matemáticas confusas e desprezando direitos trabalhistas, o Sr. Claudio de Moura Castro afirmou que os professores trabalham pouco pois ficam muito tempo fora da sala de aula. Segundo ele, os recursos gastos com o pagamento dos substitutos impossibilita o poder público de oferecer um salário melhor aos professores concursados. Tal argumento é um delírio do autor do artigo, pois desconsiderando direitos adquiridos ele responsabiliza os próprios professores pela ausência de aumento de salário.
Professor NÃO CONSEGUE FAZER O ALUNO APRENDER:
Na visão nefasta do Sr. Claudio de Moura, os professores não conseguem fazer os alunos aprender e, por isso, o salário que recebem está de bom tamanho. O articulista da Veja afirmou que "como se acumulam repetências gasta-se mais. Se todos aprendessem os salários poderiam aumentar muito com o mesmo orçamento", ou seja, na opinião dele se os professores ensinassem direito e os alunos aprendessem, diminuiria o número de reprovações e sobraria recursos para oferecer aumento de salário. Pior ainda, disse que não adianta pagar um bom salário para professor ruim, pois "na verdade, não há relação clara entre o salário do professor e o que aprendem os alunos. O Amapá tem um dos salários mais altos e as piores performances". Mais uma viagem mental do autor do artigo, que culpa exclusivamente o professor pelo fracasso do aluno, e pior, vincula a questão salarial as taxas de reprovação.
Professor SE PROTEGE ATRÁS DA ESTABILIDADE DO SETOR PÚBLICO
Segundo o Sr. Claudio de Moura, os professores ruins se protegem atrás da estabilidade do cargo no setor público, não se preocupando em serem eficazes com o ensino na sala de aula. Ele afirma que, "como os professores são estáveis, com completa impunidade, podem ser péssimos a vida toda". Na opinião do Sr. Claudio, o professor ruim prejudica a aprendizagem do aluno e eleva as taxas de retenção, gerando gastos para o Estado e prejudicando a melhoria dos salários dos profissionais da educação. Portanto, na opinião sem noção do tal Sr. Claudio, a existência de uma grande quantidade de professores ruins atrapalha a concessão de um salário melhor, ou seja, pra ele a culpa da situação atual é dos próprios educadores.
Professor APOSENTA NOVO E COM SALÁRIO MUITO ALTO:
Na opinião descabida do Sr. Claudio de Moura, os professores aposentam novos e recebendo um salário muito alto, fato que impossibilita o poder público de pagar um salário melhor aos docentes que estão na ativa. O articulista da Veja alegou que "aposentados com 50 anos, ou menos, os professores têm uma esperança adicional de vida de 25 anos. Ou seja, na média, eles passam tantos anos aposentados quanto ensinando" e continuou dizendo que no Brasil, "ao contrário do que acontece na maioria dos países, [os professores] aposentam-se com o mesmo salário [...] Aumentando a idade da aposentaria e fazendo seu valor mais modesto, dobraríamos os salários". Pois é, o Sr. Claudio acredita que os professores deveriam trabalhar por mais tempo e aposentar recebendo um salário bem menor, pois assim sobraria recursos para pagar um salário maior aos docentes da ativa. Tal argumento revela o desconhecimento do articulista, pois a fonte de recursos utilizada para o pagamento dos professores da ativa não é mesma que paga os aposentados.
Professor REPRESENTA DESPESA AOS COFRES PÚBLICOS
Na visão absurda do Sr. Claudio de Moura, os professores e a educação representam elevadas despesas aos cofres públicos e não investimentos que possam proporcionar a construção de um país melhor. Argumentando que os sistemas de ensino no Brasil concedem muitas regalias aos professores, o Sr. Claudio diz que isso é "ótimo para eles [professores], mas quem paga a conta?" e, em outro trecho, questiona "quanto custa para o Erário pagar aos professores" e afirma que "em termos internacionais gastamos bastante". Enfim, na opinião do Sr. Claudio, o poder público já está "gastando" demais com os professores e o salário só não é melhor por culpa deles mesmo. Essa foi a mensagem que ele pretendeu passar com o artigo que escreveu.
É bom deixar registrado que o Sr. Claudio de Moura Castro é economista e não educador, e que também nunca trabalhou em uma escola pública de educação básica. Essa informação explica o evidente desconhecimento do mesmo da realidade cotidiana dos professores e das redes municipais e estaduais de ensino. Seu artigo "Professor ganha mal?" é um delírio mental totalmente desprovido de conhecimento científico, no qual procurou fantasiar argumentos para culpar os próprios professores pelo fato do Estado não oferecer um salário melhor aos profissionais da educação. Lamentavelmente, mais uma vez, os professores foram atacados pela imprensa.